Início ● Arquitetos e Designers ● Conceito aberto: como incluir em projetos de interiores
O conceito aberto se tornou uma das principais tendências em projetos de interiores contemporâneos, especialmente em condomínios horizontais voltados ao público de alto padrão. Mais do que uma tendência estética, trata-se de uma solução projetual que responde a mudanças de comportamento e uso dos espaços, priorizando a integração, a convivência e a fluidez.
Entretanto, aqui, podem surgir uma série de dúvidas, afinal, o que exatamente é o conceito aberto? Posso aplicá-lo em todos os cômodos? E a iluminação, onde entra?
Pensando em auxiliar profissionais do ramo da arquitetura e design de interiores a aprimorarem suas técnicas e conhecimentos para aplicar em projetos de interiores, nós da Decor Lumen desenvolvemos este guia com tudo o que você precisa saber sobre conceito aberto.
Continue conosco e leve seus trabalhos a outro nível!
O que é o conceito aberto na arquitetura?
O conceito aberto, no contexto da arquitetura, consiste na integração entre ambientes tradicionalmente separados, como sala de estar, sala de jantar e cozinha. A proposta elimina barreiras físicas (como paredes ou divisórias fixas) para criar uma planta mais fluida, favorecendo amplitude visual, ventilação cruzada e convivência entre os usuários do espaço.
Diferentemente de uma simples ausência de paredes, o conceito aberto exige um estudo cuidadoso de circulação, hierarquia funcional e estrutura. A distribuição dos espaços precisa manter a lógica de uso e conforto, respeitando também as questões técnicas de carga, acústica e iluminação.
Projetos com conceito aberto são particularmente valorizados em residências térreas ou sobrados de condomínios horizontais, nos quais há mais liberdade para reorganizar as áreas sociais e conectar interior e exterior com maior fluidez.
Veja um exemplo prático da diferença entre uma planta tradicional e uma planta com conceito aberto a seguir:
Benefícios do conceito aberto para projetos residenciais e comerciais
Se você está na dúvida sobre incluir ou não o conceito aberto em seus projetos, que tal dar uma olhada nos diversos benefícios que essa tendência oferece?
Confira algumas abaixo:
Aproveitamento da iluminação natural: a ausência de divisórias permite maior entrada e distribuição da luz, reduzindo a necessidade de iluminação artificial durante o dia;
Ventilação cruzada otimizada: ambientes integrados facilitam o fluxo de ar, contribuindo para maior conforto térmico e redução de consumo energético;
Ampla sensação espacial: o espaço integrado transmite maior amplitude, especialmente em plantas compactas, tornando o ambiente visualmente mais leve e contínuo;
Flexibilidade no layout: possibilita múltiplas configurações de mobiliário e uso, o que é vantajoso em espaços comerciais com funções diversas ou residências que demandam adaptação ao longo do tempo;
Melhoria na comunicação e convivência: em residências, favorece a interação entre moradores; em ambientes comerciais, contribui para equipes mais conectadas e dinâmicas;
Valorização do imóvel: a percepção de modernidade, funcionalidade e fluidez tende a elevar o valor de mercado da propriedade, sendo um diferencial competitivo em empreendimentos.

Pontos de atenção ao projetar edifícios com conceito aberto
Apesar de parecer simples, a adoção do conceito aberto exige mais do que eliminar paredes. Para garantir desempenho técnico, conforto e viabilidade, existem alguns aspectos que devem ser considerados durante o desenvolvimento do projeto.
Abaixo, listamos os principais pontos que merecem atenção:
1. Estrutura e cargas
Ao remover paredes, é essencial avaliar a função estrutural de cada elemento. Em edifícios residenciais ou comerciais, muitas paredes podem exercer papel de suporte. Nesses casos, é necessário prever o uso de vigas metálicas, pilares ou reforços que garantam a integridade da construção sem comprometer a proposta de integração espacial.
2. Tratamento acústico
Ambientes integrados tendem a compartilhar ruídos, especialmente entre áreas com diferentes funções — como cozinhas, salas de estar ou espaços de atendimento comercial. O projeto precisa prever soluções acústicas adequadas, como forros com isolamento, revestimentos absorventes e pisos que atenuem o impacto sonoro.
3. Planejamento de climatização
Espaços maiores exigem um planejamento criterioso de climatização. Aqui, o uso de sistemas de ar-condicionado central, ventilação cruzada ou exaustores deve ser definido com base na área útil, exposição solar e número de usuários. Além disso, a setorização invisível do ambiente também pode ser útil para otimizar o consumo energético.
4. Instalações elétricas e hidráulicas
A integração de ambientes pode impactar a distribuição de pontos elétricos, hidráulicos e de iluminação. Por isso, é fundamental prever rotas técnicas acessíveis e bem distribuídas, respeitando a estética do espaço e as necessidades funcionais de cada área, principalmente em cozinhas abertas ou espaços com equipamentos integrados.
5. Segurança alimentar e higiene
Em edifícios com cozinhas integradas — sejam residenciais ou corporativas —, é necessário garantir que a ausência de divisórias não comprometa aspectos sanitários. Coifas eficientes, ventilação adequada e escolha de materiais fáceis de limpar, por exemplo, são fundamentais para preservar a salubridade do ambiente.

Iluminação em projetos de conceito aberto: saiba como aplicar
Em projetos com conceito aberto, a iluminação exerce um papel estratégico tanto na funcionalidade quanto na organização visual dos espaços. Isso porque, com a ausência de divisórias físicas, o recurso luminotécnico passa a ser um dos principais elementos de setorização simbólica, definindo usos sem a necessidade de barreiras estruturais.
Por isso, o projeto de iluminação deve ser desenvolvido em paralelo com o layout de mobiliário e a definição de materiais, respeitando as funções específicas de cada ambiente integrado — como cozinhas, salas de estar, áreas de jantar ou espaços comerciais com múltiplas zonas de atendimento.
Além da iluminação geral, é essencial trabalhar com camadas que combinem luz funcional e decorativa. Por exemplo, o uso de pendentes sobre mesas ou bancadas contribui para delimitar áreas de uso sem interferir na fluidez visual. Da mesma forma, perfis embutidos no forro e trilhos com spots direcionáveis permitem composições versáteis e dinâmicas, adaptáveis às necessidades do projeto.
Em edificações com automação integrada, a possibilidade de programar diferentes cenas — para receber, cozinhar, relaxar ou atender clientes — amplia ainda mais a eficiência do conceito aberto. Assim, o profissional consegue entregar um projeto mais completo, que atende tanto ao desempenho técnico quanto à experiência de uso dos moradores ou usuários do espaço.

Materiais e acabamentos que favorecem o conceito aberto
A escolha de materiais e acabamentos influencia diretamente na percepção de continuidade, conforto e organização nos projetos com conceito aberto. Por isso, é importante que o especificador considere soluções que promovam unidade visual e contribuam para a funcionalidade dos ambientes. Veja abaixo alguns elementos recomendados:
Pisos contínuos: revestimentos iguais ou similares em toda a área integrada evitam cortes visuais e reforçam a amplitude do espaço. Porcelanatos, vinílicos e cimentícios são frequentemente utilizados;
Forros com elementos lineares: sancas abertas, rebaixos e perfis de iluminação embutidos ajudam a demarcar zonas de uso sem criar barreiras físicas, permitindo uma setorização sutil;
Divisórias vazadas ou móveis: cobogós, painéis ripados e biombos permitem certa separação visual ou funcional, mas mantêm a passagem de luz e ar, preservando a proposta de integração;
Revestimentos acústicos: tapetes, painéis de madeira, cortinas e outros materiais absorventes ajudam a controlar a propagação de ruídos entre áreas com diferentes usos;
Materiais antiderrapantes e laváveis: especialmente em áreas como cozinhas integradas, onde o uso é mais técnico, é importante priorizar superfícies que garantam segurança e facilidade de manutenção;
Cores neutras e paletas contínuas: contribuem para criar uma base visual homogênea, permitindo que a composição do projeto se destaque por meio de volumes, texturas e iluminação.

Mobiliário para projetos com conceito aberto
Além da iluminação e escolha de materiais, outra parte fundamental de um projeto são os móveis, certo? E, em projetos com conceito aberto, é fundamental atenção redobrada para selecionar os ideais.
Por isso, confira a seguir alguns pontos a considerar antes de escolher o mobiliário:
Layout e circulação
Com a ausência de divisórias, o mobiliário passa a ter um papel fundamental na definição de fluxos e zonas de uso. É importante prever distâncias adequadas entre peças fixas e móveis para garantir acessibilidade, conforto e fluidez na circulação.
Em ambientes integrados, o layout deve ser pensado de forma estratégica, evitando bloqueios visuais e permitindo a leitura clara do espaço como um todo.
Móveis multifuncionais
Alguns móveis multifuncionais, como bancadas centrais, estantes vazadas e aparadores com dupla função, ajudam a organizar os espaços sem comprometer a integração. Em cozinhas abertas, por exemplo, uma ilha pode servir como divisória natural entre o preparo e o estar, oferecendo ao mesmo tempo apoio funcional e ponto de socialização.
Marcenaria planejada
A marcenaria sob medida permite aproveitar melhor os espaços e reforçar a unidade visual entre os ambientes. Quando integrada ao projeto luminotécnico, como com o uso de fitas LED embutidas, ela contribui para a setorização sutil e reforça o caráter técnico do projeto.
Integração visual por materiais e cores
A escolha de acabamentos semelhantes para diferentes peças de mobiliário — como o mesmo padrão de madeira ou tonalidade de laca — reforça a continuidade espacial. No entanto, contrastes pontuais também podem ser utilizados para destacar funções específicas sem perder a coesão do projeto.
Como apresentar o conceito aberto aos seus clientes
Ao apresentar um projeto com a proposta do conceito aberto a um cliente, é importante destacar não apenas o apelo estético, mas também os ganhos funcionais que ele pode proporcionar. Aqui, é importante explicar como a integração favorece a circulação, o aproveitamento da luz natural e a versatilidade de uso dos espaços.
Além disso, é recomendado adaptar a abordagem conforme o perfil de quem está contratando o projeto. Famílias com crianças podem se beneficiar de uma sala integrada à cozinha para manter a supervisão, enquanto casais jovens tendem a valorizar ambientes sociais contínuos para receber.
Já em espaços comerciais, o conceito aberto pode ser uma solução eficiente para áreas de atendimento compartilhado ou coworkings com dinâmica flexível.
Recursos visuais também fazem diferença nesse processo! Utilizar moodboards, plantas em 3D, maquetes eletrônicas e simulações luminotécnicas permite que o cliente visualize com mais precisão a proposta de integração.
Conceito aberto funciona para todos os tipos de residências?
Embora o conceito aberto possa ser aplicado em diferentes tipologias residenciais, ele apresenta melhor desempenho em plantas com maior metragem, onde há mais flexibilidade para reorganizar espaços sem comprometer a circulação ou a privacidade.
Em imóveis compactos, a integração também pode ser aplicada, mas exige soluções projetuais mais precisas, como uso inteligente de mobiliário, marcenaria sob medida e divisórias móveis, a fim de garantir funcionalidade sem perda de conforto.
Como garantir privacidade em uma casa com conceito aberto?
A privacidade pode ser mantida mesmo em ambientes integrados, desde que sejam aplicados recursos que ofereçam separação visual e controle do uso dos espaços.
Aqui, divisórias leves, painéis ripados ou vazados, elementos como cobogós, mudanças de nível no piso e até a iluminação setorizada são soluções eficazes. Além disso, o mobiliário planejado também pode exercer esse papel, organizando o layout sem interromper a fluidez do ambiente.
Qual tipo de iluminação é mais indicado para conceito aberto?
A iluminação em ambientes com conceito aberto deve cumprir dupla função: garantir o desempenho funcional de cada espaço e organizar visualmente os setores integrados.
Para isso, recomenda-se o uso combinado de trilhos eletrificados, perfis de LED embutidos, pendentes com facho direcional e sistemas de iluminação automatizada de cenas. Dessa forma, é possível adaptar a luz ao uso de cada área, mantendo a coesão estética e a flexibilidade do projeto.
É possível adaptar um imóvel já construído para conceito aberto?
Sim, é possível transformar um imóvel com planta tradicional em um ambiente integrado, desde que haja análise técnica da estrutura existente.
O processo pode envolver remoção de paredes não estruturais, reforços com vigas ou pilares, redistribuição de pontos elétricos e hidráulicos e revisão completa do projeto luminotécnico e de ventilação. É importante lembrar que, aqui, o acompanhamento técnico é indispensável para garantir segurança e desempenho.
Esperamos que este conteúdo tenha contribuído para ampliar sua visão sobre a aplicação do conceito aberto em projetos. Para seguir aprofundando seus conhecimentos, confira também nosso conteúdo sobre sensores de luz em projetos luminotécnicos e descubra como aplicar o recurso.
Até a próxima leitura!


